sexta-feira, 8 de março de 2013

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quinta-feira, 7 de março de 2013

Fevereiro Infernal

O mês de Fevereiro testou as minhas forças e os meus limites...
Num dia tudo parece perfeito...
No outro já não...
A angústia e a dor de quase perder alguém ... De não poder fazer nada... Apenas dar apoio e ter esperança...
E por isso, larguei tudo e retornei a casa... A sensação de perder alguém, mais uma vez, e não estar ao seu lado, era inconcebível na minha cabeça...
Atingi o fundo... e quase desejei que morresse... não por ele, mas por mim...
Estava confuso, mas isso não invalida o facto de ter pensado em tal barbaridade...
Passei 24 sobre 24 horas preocupado, com medo que ele acaba-se por desistir como quase eu desisti dele...
Foram dias passados em plena solidão, tentado a abraçar a minha própria loucura...
Percorri o caminho da obsessão e temia que não houvesse volta a dar...
E, por isso, agradeço aos meus escassos e fiéis amigos. Por me terem ajudado a restaurar a minha identidade, a minha força de lutar pelos outros...
Tudo acabou por correr pelo melhor... E espero que assim continue.
A cada batalha que enfrento parece que cada mais pessoas viram as costas... mas prefiro assim... pois gosto de saber em quem, realmente, posso contar... para que mais tarde os possa ajudar...
Os curiosos perguntam, inflamados pela sua curiosidade... Mas eu a esses dou-lhes o meu silêncio... Porque se perguntam é porque não estavam lá quando deles mais precisei.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Despedida

15 de Novembro de 2012 / 16 de Novembro de 2012

Um telefonema que alterou tudo. Por norma desligo sempre o telemóvel quando vou dormir, mas neste dia... foi como se já estivesse à espera.
A noite tinha tanto de silenciosa como de trágica. As lágrimas turvam cada vez mais a minha visão. A saudade e a dor mantêm o meu cérebro desperto. Desejava que não o fizessem...
Passo a noite em claro. Por mais que tente, não consigo evitar e rebobino. Como se estivesse novamente a receber a notícia. Começo a perder a percepção das palavras mal a recebo. As palavras ouvidas começam por se transformar em imagens. Imagino como tudo se teria desenrolado.
Arrasto o meu corpo fraco em direcção à varanda e sento-me, deixando o frio envolver cada porção de tecido. Permaneço num pequeno canto e deixo-me lá ficar. Esperando pela chegada do novo dia.
O frio apesar de extremo, é reconfortante, pois impede-me de pensar. Para além disso, sinto que, neste momento, a única coisa com que consigo lidar é a hipotermia.


16 de Novembro de 2012

Abro o pequeno baú metálico e sacudo o pó assente no fato negro. Apenas o vesti duas vezes, mas traz consigo, uma quantidade ilimitada de más memórias. Hoje será a terceira.
Lavo a cara, na tentativa de atenuar as marcas avermelhadas ao redor dos olhos. No entanto, é escusado.
Enquanto me visto, forço-me a conter as lágrimas. Apesar da dificuldade, acabo por conseguir.

...

Durante a viagem, finjo estar a dormir. Não quero ter de lidar com os restantes.
Relembro, em silêncio, a sua vontade. E por mais difícil que isso seja, pretendo que seja cumprida.
Poucas foram as conversas que tivemos sobre a morte. Lidávamos, a maioria das vezes, o assunto com um tom de brincadeira na voz, pois julgávamos ser jovens demais. Mas a morte é como o dinheiro. Não importa como se o ganha, mas toda a gente o tem.
Não tinha a percepção do quão doente ele estava. Ele, no entanto, sabia, mas não o deixou transparecer...

...

Fico, em pé, à entrada da capela. A minha atenção é captada pelo enorme caixão aberto centralizado na sala. Apesar das pequenas dimensões, é o suficiente para a meia dúzia de pessoas que estão presentes.
Permaneço imóvel e calado, eliminando qualquer tentativa de conversação.
Caminho na sua direcção. Aqueles que já o viram, alertam-me para não o fazer. Decido vê-lo mesmo assim. Como poderia não o fazer?
O sorriso e a boa disposição de outrora tinham desaparecido tal como a vida no seu corpo. Era difícil de o reconhecer naquele estado. Vê-lo naquele "estado de inconsciência permanente", tornou tudo, ainda mais real.
Os detalhes e o foco vão-se perdendo à medida que as lágrimas traçam, novamente, trilhos na minha cara.

17 de Novembro de 2012

Dizem que com o tempo tudo se resolve. Não podia discordar mais. Independentemente, do tempo que passe, aqueles que perdi, nunca mais voltarão. A angústia, a frustração e a saudade irão conservar-se, subcutâneamente, à flor da pele, durante algum tempo, até serem enterrados. Bem no fundo do meu inconsciente. 
Algumas horas antes do anoitecer resolvo ir ao cemitério. Sinto-me egoísta e desiludido comigo mesmo por não ter ido ao funeral esta manhã. De certa forma, pretendo adiar a despedida. E então ocorro-me. Não há últimas palavras a serem ditas. Não há qualquer despedida a ser feita. Ele já partiu. 
As palavras falham e, por isso, deixo dominar o silêncio. Deixo que o assobiar do vento e ritmo do som da chuva a cair no guarda-chuva ser a banda sonora daquele momento.
Obrigado pelos anos de companheirismo, pelas noites de farra, pelas palavras de incentivo, pelo apoio e pela força dada, pela simples presença nos momentos menos bons, quando muitos viraram costas, pelas cantorias, pelas conversas. Independentemente, de ser bom ou mau, obrigado por tudo.
É o fim para aqueles que morrem... Mas e para aqueles que ficam?
Não se trata de um adeus, mas de um "Até já Camarada".

" You smile like you know the new world has been found" - Assim o espero